Psicoterapia no exercício existencial
Psicoterapia no exercício existencial

Psicoterapia no exercício existencial

1 O que é o exercício existencial na psicoterapia?

Vivemos em uma época marcada pela velocidade, pelo excesso de informações e, muitas vezes, pela superficialidade das relações. Em meio a esse turbilhão, muitos se perguntam: qual o sentido da minha existência? É nesse terreno profundo e, por vezes, silencioso, que a psicoterapia no exercício existencial encontra seu lugar.

Dores e dúvidas

Mais do que uma técnica, essa abordagem terapêutica é um caminho de encontro com a essência do ser humano, que busca compreender sua trajetória, escolhas e a maneira como lida com as inevitáveis dores e dúvidas que acompanham a existência.

 2 Um  encontro com o estilo de vida

Trata-se de um movimento terapêutico que convida a pessoa a refletir sobre os grandes temas da vida: liberdade, responsabilidade, morte, isolamento, amor, fé, valores e propósito. O exercício existencial não é apenas uma reflexão filosófica, mas uma vivência que se traduz em escolhas concretas, em enfrentamentos reais e em transformações internas.

Esse tipo de psicoterapia parte da ideia de que o sofrimento humano não se resume a sintomas, diagnósticos ou traumas do passado. Muitas vezes, a dor mais profunda nasce da sensação de vazio existencial, da ausência de propósito, do medo de viver ou da dificuldade de se posicionar diante da própria liberdade de ser.

3 A escuta que acolhe o ser

Na prática clínica, o psicoterapeuta existencial atua como alguém que caminha ao lado, oferecendo uma escuta que acolhe o ser em sua totalidade, sem reduzi-lo a rótulos ou padrões. Ele não oferece respostas prontas, mas cria um espaço onde o indivíduo possa explorar suas questões mais íntimas e descobrir, dentro de si, aquilo que o move. O terapeuta não conduz o outro a um “modelo ideal de vida”, mas à descoberta de uma vida autêntica, alinhada aos seus valores mais profundos. Trata-se de um convite ao protagonismo, à autorresponsabilidade e à coragem de ser quem se é — mesmo diante das incertezas da existência.

 4  A dor como parte do processo

Na psicoterapia existencial, a dor é vista como parte legítima da experiência humana. Em vez de negá-la ou anestesiá-la, busca-se compreendê-la. Muitos adoecem emocionalmente porque tentam fugir do sofrimento a qualquer custo.  É justamente nele que muitas vezes encontramos revelações preciosas sobre quem somos e o que realmente importa.

A dor, quando escutada com respeito e cuidado, pode se transformar em ponte para o crescimento. É no reconhecimento dos limites e na aceitação das perdas que surgem a sabedoria, a humildade e a gratidão pela vida.

5  Espiritualidade e sentido

Outro ponto essencial é a espiritualidade — que não se confunde necessariamente com religião, mas com a busca de sentido para a existência. Para muitas pessoas, essa dimensão é central em sua jornada, e ignorá-la em um processo terapêutico seria como deixar de fora uma parte essencial da alma.

A psicoterapia existencial reconhece essa sede de transcendência e acolhe o desejo humano de de pertencer a algo maior, de encontrar significado mesmo diante da dor e da finitude. E quando esse sentido é encontrado ou redescoberto, a vida deixa de ser apenas um fardo para se tornar uma dádiva.

 Viver é um ato de coragem ,  a  psicoterapia no exercício existencial é, antes de tudo, uma travessia. Não se trata apenas de “tratar sintomas”, mas de enfrentar a vida com autenticidade e coragem. Ela nos ensina que viver bem não é fugir da dor, mas aprender com ela; não é evitar a morte, mas escolher o que fazer com o tempo que nos foi dado. Neste percurso, o psicoterapeuta é como um farol: não caminha pelo outro, mas ilumina o caminho para que o outro caminhe conscientemente com liberdade e verdade. Afinal, a maior libertação não é viver sem sofrimento, mas viver com sentido.

 

Por Jailson Melo

 

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